domingo, 25 de setembro de 2016

.



encarcerados, multicelulares
seres humanos pendem, cabisbaixos
por fio tenso: o abismo lá debaixo
não causa espanto ou trocas oculares

na pequenez da cela, tão distantes
pelas janelas, longe de seus lares
escutam ao mundo, mudos, singulares
a lhes chamar plurais, mas como dantes

fazem-se surdos. cegos, ignorantes
crendo-se reis, prostrados. por pesares?
não, pelo próprio umbigo, indigesto

no microscópio, seres celulares 
levam no elevador. cabeça abaixo
num cumprimento: somos nossos gestos



.

Nenhum comentário: